sexta-feira, 20 de abril de 2007

Anti-Staat

Boa tarde companheiros! este aqui é um texto que eu fiz a respeito da questão urbana, mas não compreendendo-a somente enquanto instância de expressões da "questão social", mas abrangendo de maneira aberta e direta suas vertentes à afirmação do que se configura como Estado moderno. Até que ponto acreditarmos na vigência estatal?



Do conceito lírico de necrópole: Anti-Staat

Para compreender o conceito lírico do álbum Necrópole, faz-se necessária a imediatização dos problemas urbanos que perpassam a denominação de braços da questão social e tomam proporções muito maiores. E aqui não me refiro apenas às manchas urbanas, visto que mesmo estas ainda entram concomitantemente ao processo de "barganha municipal", sobretudo com os acordos estabelecidos entre municípios vizinhos. Entretanto, discorro sobre as possibilidades humanas encarceradas em metrópoles; desde a liberdade condicional garantida em 1888*, passando pelo êxodo rural ancorando, em fim, na constituição das favelas modernas (já não mais apenas táboas, mas tijolos, e não mais somente de modo horizontal, mas verticalmente, como a ocupação Prestes Maia) observamos os passos do que se refere ao acúmulo capitalista e a deterioração dos direitos sociais adquiridos. Nesta sociedade do espetáculo (bem dito à Schopenhauer)*, onde o leão capital é domado pelo seu adestrador burocrata (pelo conceito Trotskista)* para lançar suas patas famintas sobre as massas, estas tomando o lugar das pipocas lançadas pelo público no grande circo da vida.
Mas, diria a direita, "de onde tiram tanta idéia contrária ao desenvolvimento do capital"? A resposta fica a cargo do estudo da história capitalista, e não somente de sua história como desenvolvimento, mas sim de seus impactos sociais nas conjunturas diversas ao qual se transformou. Tendo em vista a criação das classes, podemos perceber o acirramento da dita 'questão social"* cujas formas de enfrentamento sempre foram a benesse, os métodos caritativos, assistenciais, afinal, proletário em condições extremamente precárias não produziria de maneira adequada! Passando por todas as revoluções capitalistas até deparar-mo-nos com a terceira revolução, a tecnológica, temos a tomada das máquinas em detrimento e sucateamento da esfera empregatícia, já não mais consolidada como órgão progenitor de condições humanas de subsistência. A marcha do capital produz, a cada dia, aliado aos aparelhos ideológicos midiáticos*, a moda das estações, o tênis que o adolescente posteriormente furtará, o carro do ano que levará a criança arrastada, as marcas/logos*, que hoje determinam o caráter humano, suas atitudes perante a sociedade, o sentimento de conforto, de superioridade...O poder de comprar, o magnetismo que impulsiona cada vez mais a sociedade de base ao abismo do consumo exacerbado e inútil, ou mesmo que útil, como em Marx*, "o efeito útil do valor de uso na produção de mercadorias", prevalece como máxima de um bom cidadão. Favorece-se e criam parâmetros de favorecimento para aqueles que, mesmo estando inseridos na classe proletária (entendida neste contexto não como somente à que vende sua força de trabalho, mas a que recebe o mínimo pela venda)*, tenham condições econômicas de manter sua tara consumista impostada pela mídia, que debilmente mantém em seu "cast" diário os espetáculos propagandícios viciosos*. Shopping's centers como abadias do "fashion", mosteiros da sedução monetária, terreiros do deus Mamom bíblico*, onde a cada passo dado novas portas se abrem, novos ambientes se constituem ao seu redor, de beleza evoluída, de carisma superior, escondendo as manchas deixadas pelos faxineiros que não devem aparecer em determinados horários (vide Shopping do Vale), dos vendedores (já não mais vendedores mas "consultores de moda") que ao venderem sua mão-de-obra barata para exploração por intermédio de mais-valia, ainda levantam seus narizes ao ar por sentirem-se em status elevado antagonicamente ao vendedor de um estabelecimento non griffe. É ridículo se analisado enquanto condição, mas é uma verdadeira nova face da tendência do capital, excluir pelo simples fator status.
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Nas periferias, do chão de terra batida agora temos o asfalto sujo. Das casas de madeira, não como as belas mansões que se vê no Morumbi ou nos filmes hollywoodianos, temos os barracos de tijolos. Do garoto que sonha em se tornar jogador de futebol teremos um futuro incerto, pautado na violência, afirmado pela ausência de um Estado, consolidado pela instância habitacional que paulatinamente o conduzirá a prática criminal. Mas que Estado foi este citado? Qual Estado? Será que o Estado alguma vez funcionou? Que será o Estado se não instância econômica sob a vigência de manter uma prévio-idealizada* ordem social? Necessitamos realmente de um Estado? Ao que tudo indica, e isto posto historicamente para melhor fundamentar a afirmação, ao Estado sempre foi encarregado o status de mantenedor da burguesia, aos detentores de um poder que não o fictício como o do Estado moderno, mas um real, o financeiro. Com as primeiras explorações do homem pelo homem, nota-se a necessidade de construção de organismos que repreendessem toda e qualquer manifestação contrária ao regime escravocrata imposto: os exércitos. Como para garantir o acúmulo de riquezas era necessário dicotomicamente o acúmulo de escravos, se estabeleceria uma total desordem em caso de revolta escrava, pois os mesmos se mantinham em maior número e ainda em ascendência, e por mais que os senhores de escravos mantivessem seus exércitos, uns poucos homens não dariam conta de garantir a segurança de seus patrões. Tendo esta problemática em mente, os senhores escravocratas resolvem se unir e contribuir anualmente para a manutenção de exércitos mais fortes. Para garantir a correta relação de valores anuais referentes a contribuições (denominadas de impostos) assim como a coleta dos valores e a administração dos exércitos, foram contratados indivíduos que receberiam o nome de funcionários públicos. Para que não houvesse uma revolta escrava, criaram-se através dos funcionários públicos e dos senhores de escravos as leis. Como organismos não isolados de repressão aos que infringissem as leis, foram criados a polícia, as prisões, os torturadores, os advogados, os carcereiros, os juízes, a constituição. Nas palavras de Sérgio Lessa: "Para reprimir a luta dos escravos contra a exploração que sofriam, os senhores de escravos criaram o exército, o funcionalismo público e o Direito. O conjunto formado por estes instrumentos especiais de repressão dos explorados é o Estado." (LESSA, Sérgio. Uma introdução à Filosofia Marxista: György Lukács (mimeo).s/d.). E nas palavras de Lukács, entendendo portanto o Estado como sendo "um comitê executivo da classe dominante para a defesa dos seus interesses históricos contra a revolta dos explorados.".
Sugere-se então a seguinte reflexão: sabemos que inserido na atual conjuntura (capitalista neoliberal) o Estado assume forma de mantenedor, administrador e interventor no que tange ao favorecimento da classe dominante em detrimento de uma classe proletária, a base. Sabemos também, que mesmo contribuindo para uma conjetura social, o Estado se mantém intrinsecamente ligado a ordem capitalista, burguesa, contribuindo para a minorização e desestatização dos serviços públicos e manutenção no tangente ao exército industrial de reserva, ou, massa sobrante. Sabendo desse mínimo, se chega a uma conclusão óbvia: por qual motivo ainda não nos rebelamos contra o Estado? Pelo simples fato de acreditarmos neste Estado! Se acreditarmos em um Estado, damos vazão para sua existência. Perguntaria a um cristão: "por que você crê em Deus?" e ele me responderia: "por quê ele existe!". Mesmo sem provas ao menos empíricas que sejam da existência de um Deus, o cristão, o judeu, o mulçumano, o budista, e tantos outros crêem da mesma forma. Com o Estado não é diferente: sabendo que o mesmo, enquanto instância da ordem burguesa se consolida para a mesma por prover a sustentação básica de sua existência, enquanto instância popular, social, é creditado somente pela ordem que o mesmo supõe guardar. Que será do Estado então senão mais lhe creditarmos a estes afazeres? Que será do Estado então se não mais crermos nele?
Boa tarde companheiros! este aqui é um texto que eu fiz a respeito da questão urbana, mas não compreendendo-a somente enquanto instância de expressões da "questão social", mas abrangendo de maneira aberta e direta suas vertentes à afirmação do que se configura como Estado moderno. Até que ponto acreditarmos na vigência estatal?



Do conceito lírico de necrópole: Anti-Staat

Para compreender o conceito lírico do álbum Necrópole, faz-se necessária a imediatização dos problemas urbanos que perpassam a denominação de braços da questão social e tomam proporções muito maiores. E aqui não me refiro apenas às manchas urbanas, visto que mesmo estas ainda entram concomitantemente ao processo de "barganha municipal", sobretudo com os acordos estabelecidos entre municípios vizinhos. Entretanto, discorro sobre as possibilidades humanas encarceradas em metrópoles; desde a liberdade condicional garantida em 1888*, passando pelo êxodo rural ancorando, em fim, na constituição das favelas modernas (já não mais apenas táboas, mas tijolos, e não mais somente de modo horizontal, mas verticalmente, como a ocupação Prestes Maia) observamos os passos do que se refere ao acúmulo capitalista e a deterioração dos direitos sociais adquiridos. Nesta sociedade do espetáculo (bem dito à Schopenhauer)*, onde o leão capital é domado pelo seu adestrador burocrata (pelo conceito Trotskista)* para lançar suas patas famintas sobre as massas, estas tomando o lugar das pipocas lançadas pelo público no grande circo da vida.
Mas, diria a direita, "de onde tiram tanta idéia contrária ao desenvolvimento do capital"? A resposta fica a cargo do estudo da história capitalista, e não somente de sua história como desenvolvimento, mas sim de seus impactos sociais nas conjunturas diversas ao qual se transformou. Tendo em vista a criação das classes, podemos perceber o acirramento da dita 'questão social"* cujas formas de enfrentamento sempre foram a benesse, os métodos caritativos, assistenciais, afinal, proletário em condições extremamente precárias não produziria de maneira adequada! Passando por todas as revoluções capitalistas até deparar-mo-nos com a terceira revolução, a tecnológica, temos a tomada das máquinas em detrimento e sucateamento da esfera empregatícia, já não mais consolidada como órgão progenitor de condições humanas de subsistência. A marcha do capital produz, a cada dia, aliado aos aparelhos ideológicos midiáticos*, a moda das estações, o tênis que o adolescente posteriormente furtará, o carro do ano que levará a criança arrastada, as marcas/logos*, que hoje determinam o caráter humano, suas atitudes perante a sociedade, o sentimento de conforto, de superioridade...O poder de comprar, o magnetismo que impulsiona cada vez mais a sociedade de base ao abismo do consumo exacerbado e inútil, ou mesmo que útil, como em Marx*, "o efeito útil do valor de uso na produção de mercadorias", prevalece como máxima de um bom cidadão. Favorece-se e criam parâmetros de favorecimento para aqueles que, mesmo estando inseridos na classe proletária (entendida neste contexto não como somente à que vende sua força de trabalho, mas a que recebe o mínimo pela venda)*, tenham condições econômicas de manter sua tara consumista impostada pela mídia, que debilmente mantém em seu "cast" diário os espetáculos propagandícios viciosos*. Shopping's centers como abadias do "fashion", mosteiros da sedução monetária, terreiros do deus Mamom bíblico*, onde a cada passo dado novas portas se abrem, novos ambientes se constituem ao seu redor, de beleza evoluída, de carisma superior, escondendo as manchas deixadas pelos faxineiros que não devem aparecer em determinados horários (vide Shopping do Vale), dos vendedores (já não mais vendedores mas "consultores de moda") que ao venderem sua mão-de-obra barata para exploração por intermédio de mais-valia, ainda levantam seus narizes ao ar por sentirem-se em status elevado antagonicamente ao vendedor de um estabelecimento non griffe. É ridículo se analisado enquanto condição, mas é uma verdadeira nova face da tendência do capital, excluir pelo simples fator status.
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Nas periferias, do chão de terra batida agora temos o asfalto sujo. Das casas de madeira, não como as belas mansões que se vê no Morumbi ou nos filmes hollywoodianos, temos os barracos de tijolos. Do garoto que sonha em se tornar jogador de futebol teremos um futuro incerto, pautado na violência, afirmado pela ausência de um Estado, consolidado pela instância habitacional que paulatinamente o conduzirá a prática criminal. Mas que Estado foi este citado? Qual Estado? Será que o Estado alguma vez funcionou? Que será o Estado se não instância econômica sob a vigência de manter uma prévio-idealizada* ordem social? Necessitamos realmente de um Estado? Ao que tudo indica, e isto posto historicamente para melhor fundamentar a afirmação, ao Estado sempre foi encarregado o status de mantenedor da burguesia, aos detentores de um poder que não o fictício como o do Estado moderno, mas um real, o financeiro. Com as primeiras explorações do homem pelo homem, nota-se a necessidade de construção de organismos que repreendessem toda e qualquer manifestação contrária ao regime escravocrata imposto: os exércitos. Como para garantir o acúmulo de riquezas era necessário dicotomicamente o acúmulo de escravos, se estabeleceria uma total desordem em caso de revolta escrava, pois os mesmos se mantinham em maior número e ainda em ascendência, e por mais que os senhores de escravos mantivessem seus exércitos, uns poucos homens não dariam conta de garantir a segurança de seus patrões. Tendo esta problemática em mente, os senhores escravocratas resolvem se unir e contribuir anualmente para a manutenção de exércitos mais fortes. Para garantir a correta relação de valores anuais referentes a contribuições (denominadas de impostos) assim como a coleta dos valores e a administração dos exércitos, foram contratados indivíduos que receberiam o nome de funcionários públicos. Para que não houvesse uma revolta escrava, criaram-se através dos funcionários públicos e dos senhores de escravos as leis. Como organismos não isolados de repressão aos que infringissem as leis, foram criados a polícia, as prisões, os torturadores, os advogados, os carcereiros, os juízes, a constituição. Nas palavras de Sérgio Lessa: "Para reprimir a luta dos escravos contra a exploração que sofriam, os senhores de escravos criaram o exército, o funcionalismo público e o Direito. O conjunto formado por estes instrumentos especiais de repressão dos explorados é o Estado." (LESSA, Sérgio. Uma introdução à Filosofia Marxista: György Lukács (mimeo).s/d.). E nas palavras de Lukács, entendendo portanto o Estado como sendo "um comitê executivo da classe dominante para a defesa dos seus interesses históricos contra a revolta dos explorados.".
Sugere-se então a seguinte reflexão: sabemos que inserido na atual conjuntura (capitalista neoliberal) o Estado assume forma de mantenedor, administrador e interventor no que tange ao favorecimento da classe dominante em detrimento de uma classe proletária, a base. Sabemos também, que mesmo contribuindo para uma conjetura social, o Estado se mantém intrinsecamente ligado a ordem capitalista, burguesa, contribuindo para a minorização e desestatização dos serviços públicos e manutenção no tangente ao exército industrial de reserva, ou, massa sobrante. Sabendo desse mínimo, se chega a uma conclusão óbvia: por qual motivo ainda não nos rebelamos contra o Estado? Pelo simples fato de acreditarmos neste Estado! Se acreditarmos em um Estado, damos vazão para sua existência. Perguntaria a um cristão: "por que você crê em Deus?" e ele me responderia: "por quê ele existe!". Mesmo sem provas ao menos empíricas que sejam da existência de um Deus, o cristão, o judeu, o mulçumano, o budista, e tantos outros crêem da mesma forma. Com o Estado não é diferente: sabendo que o mesmo, enquanto instância da ordem burguesa se consolida para a mesma por prover a sustentação básica de sua existência, enquanto instância popular, social, é creditado somente pela ordem que o mesmo supõe guardar. Que será do Estado então senão mais lhe creditarmos a estes afazeres? Que será do Estado então se não mais crermos nele?

sábado, 14 de abril de 2007

ah, num vo dizer nada de concreto porque criei isso agora! mas o próximo post vou tentar fazer uma análise sobre o pensamento marxiano no tangente à liberdade.
Obrigado!